Thursday, September 13, 2012

Rússia não cortará emissões sob a extensão do pacto climático de Quioto

 Rússia confirmou nesta quinta-feira (13) que não fará cortes nas emissões de gases do efeito estufa a partir de 2013 sob o Protocolo de Quioto da ONU, se juntando ao Canadá e ao Japão na rejeição de uma extensão do plano para combater as mudanças climáticas.

O Ministério das Relações Exterior disse que o país não se uniria às nações industrializadas lideradas pela União Europeia para assinar cortes para além da primeira rodada de compromissos, que termina em 31 de dezembro de 2012.

No começo deste mês, o vice-primeiro-ministro Arkady Dvorkovich disse no Twitter que uma decisão sobre as novas obrigações “não foi tomada”, sugerindo que o governo ainda estava ponderando a participação.

A Rússia afirmou que agora focaria no plano da ONU, firmado no último ano, de chegar a um novo acordo internacional até 2015, obrigando tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento a limitar as emissões de gases do efeito estufa, e que entraria em vigor a partir de 2020.

“A Federação Russa acredita que a extensão do Protocolo de Quioto, em seu atual estado, é ineficaz, e não pretende assumir a obrigação de reduzir as emissões de gases do efeito estufa como parte da chamada segunda rodada de responsabilidades”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich.

“As obrigações e ações climáticas podem ser diferentes para países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas devem estar refletidas em um único documento. Sem isso, será inútil”, acrescentou ele.

Todas as nações industrializadas, exceto pelos Estados Unidos, assinaram o Protocolo de Quioto de 1997, que procurava cortar suas emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 5,2% abaixo dos níveis de 1990 até 2008-12.

Os EUA disseram que Quioto prejudicaria a economia norte-americana e que o pacto omitia injustamente as metas de 2012 para nações em desenvolvimento, lideradas pela China e Índia. As nações em desenvolvimento afirmaram que precisam queimar mais combustíveis fósseis para acabar com a pobreza.

Queda nas emissões

A Rússia já havia indicado anteriormente à ONU que não estenderia as metas internacionalmente obrigatórias de Quioto para além do primeiro período de 2008-2012.

O país se comprometeu apenas com uma promessa voluntária de cortar emissões, que pode vir principalmente do corte na queima de combustíveis fósseis, de 15-25% até 2020.

As emissões da Rússia caíram desde o colapso das indústrias poluentes da era Soviética. Em 2010, elas estavam 34% abaixo dos níveis de 1990, muito abaixo das metas do país sob Quioto de não exceder o nível de 1990 nos anos 2008-12.

A provável lista de participantes de “Quioto 2” é responsável por apenas 15-17% das emissões de gases do efeito estufa, Lukashevick afirmou, enquanto os países que participaram da primeira rodada de cortes são responsáveis por 30% das emissões globais.

Isso faz da meta de limitar o aumento da temperatura global a não mais do que dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais impossível de ser atingida, declarou ele.

O limite de dois graus Celsius é visto como um limiar para os perigos das mudanças climáticas, como enchentes, secas e o aumento do nível do mar. As temperaturas já subiram cerca de 0,8 graus Celsius.

Um grupo de companhias russas industriais e de energia, incluindo a Rusal, a maior empresa de alumínio do mundo, e a TNK, uma das maiores produtoras de petróleo e gás da Rússia, tem feito lobby para o governo assumir uma meta em Quioto pós-2012.

Isso permitiria que eles continuassem a ganhar créditos de carbono por projetos de redução de emissões sob o mecanismo da ONU de Implementação Conjunta.

No último mês, o rascunho de um decreto governamental revelou que a Rússia estava trabalhando para transformar sua promessa de redução de emissões nacional para 2020 em uma meta absoluta de redução de 20% nas emissões com relação aos níveis de 1990.

Essa meta pode abrir caminho para um esquema regional de cap-and-trade, comparado em tamanho ao mercado de carbono da UE.

http://www.institutocarbonobrasil.org.br/espaco_reuters/noticia=731793


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