Monday, May 26, 2014

Alguns detalhes sobre o emprego no Brasil


 

Não são poucas as pessoas que nos escrevem pedindo comentários e explicações sobre a supostamente baixa taxa de desemprego no Brasil.  De fato, um estrangeiro mais desinformado que olhe para os números brasileiros irá se sentir tentado a arrumar suas malas, vender sua casa europeia e vir voando com toda a família para o Brasil.

Quando me perguntam minha opinião sobre a taxa de desemprego no Brasil, apenas respondo: qual taxa?  A do IBGE ou a do DIEESE?  A do DIEESE é simplesmente o dobro da do IBGE.  Enquanto o IBGE fala que a taxa de desemprego de outubro foi de 5,3%, o DIEESE afirma que foi de 10,5%.  Dois indicadores iguais, uma margem de erro de incríveis 100%.  E as implicações disso são enormes.  Ao passo que uma taxa de desemprego de 5,3% é menor que a de todos os países europeus (exceto Suíça e Áustria), norte-americanos, asiáticos e da Oceania, uma taxa de 10,5% só é inferior à francesa, portuguesa, irlandesa, grega e espanhola.  Ou seja: o mesmo país, o mesmo indicador, duas realidades totalmente opostas.
Desde que comecei a prestar mais atenção no assunto — e, principalmente, desde que me inteirei melhor da metodologia —, perdi completamente o interesse pelo indicador.  Ele não indica nada.  A metodologia do IBGE é totalmente ridícula.  Um malabarista de semáforo é considerado empregado.  Um sujeito que vende bala no semáforo também está empregadíssimo.  Um sujeito que lavou o carro do vizinho na semana passada em troca de um favor é considerado empregado (ele entra na rubrica de 'trabalhador não remunerado').  Se um sujeito estava procurando emprego há 6 meses, não encontrou nada e desistiu temporariamente da procura, ele não está empregado mas também não é considerado desempregado.  Ele é um "desalentado".  Como não entra na conta dos desempregados, ele não eleva o índice de desemprego.
Além disso, o índice também coloca na rubrica 'empregado' todas aquelas pessoas que exercem trabalhos considerados precários, como o sujeito que trabalha poucas horas por semana e gostaria de trabalhar mais, mas não consegue (muito provavelmente por causa das regulamentações trabalhistas), e o sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo.  Ou seja, você substitui seu vizinho na barraca de pipoca dele por três dias.  Em troca, ele lhe dá R$250.  Você foi considerado pelo IBGE como estando empregado — tendo efetivamente trabalhado 3 dias no mês.
Com todos esses truques, não é de se estranhar que o Brasil esteja com "pleno emprego", mesmo com sua arcaica legislação trabalhista, sua escandinava carga tributária e seus espoliadores encargos sociais e trabalhistas.
Mas isso, sejamos francos, não é uma exclusividade brasileira, não.  O governo americano, por exemplo, também divulga 2 índices, cada um com uma metodologia diferente.  Obviamente, ele se pauta apenas por aquele que fornece o mais róseo resultado.  Uma fonte privada complementa fornecendo o terceiro índice, bem mais rigoroso.  Veja abaixo:

Na Europa, a coisa é ainda mais discrepante.  Alguém realmente acredita que o real desemprego na França e em Portugal é a metade do espanhol?  A impressão que tenho é que a Espanha é o único país que de fato adota uma metodologia mais rigorosa.
Indo para os finalmentes
Felizmente, o IBGE disponibiliza em seu site todos os dados coletados desde março de 2002, possibilitando que uma pessoa mais interessada em fatos e menos em ideologias possa analisar um pouco melhor a realidade do país.  A tabela divulgada para o mês de outubro está aqui.  Veja lá todas as categorias que mencionei acima: Pessoas Desalentadas, Pessoas Subocupadas por Insuficiência de Horas Trabalhadas, Pessoas Ocupadas com Rendimento/Hora menor que o Salário Mínimo/Hora, Pessoas Marginalmente Ligadas à PEA (População Economicamente Ativa).
Em termos práticos, na atual metodologia, se um gerente de banco é demitido e passa a fazer malabarismo no semáforo, a taxa de desemprego não se altera.  Se um desempregado lava o carro do vizinho em troca de um favor, a taxa de desemprego cai.
O leitor interessado pode baixar aqui uma enorme planilha de Excel com os valores de todas essas variáveis coletadas desde março de 2002.  Eu fiz isso e calculei uma taxa de desemprego mais realista.  
Coletei os seguintes dados:
1) pessoas desocupadas;
2) trabalhadores não remunerados;
3) pessoas com rendimento/hora menor que o salário mínimo/hora (aquele sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo);
4) pessoas marginalmente ligadas à PEA (pessoas que não estavam trabalhando na semana da pesquisa mas que trabalharam em algum momento dos 358 dias anteriores à pesquisa e que estavam dispostas a trabalhar); e
5) pessoas desalentadas.
De canja para o governo, deixei de fora as pessoas subocupadas, pois uma pessoa que trabalha regularmente um determinado número de horas por semana não está tecnicamente desempregada.
Somei estes cinco itens e dividi pela soma entre população economicamente ativa, pessoas marginalmente ligadas à PEA e pessoas desalentadas. (Estas duas últimas também não entram no denominador do cálculo do IBGE porque não são consideradas economicamente ativas pelo IBGE, o que é um despropósito.)
Logo, a real taxa de desemprego brasileiro é essa abaixo:

Portanto, a real taxa de desemprego no Brasil em outubro foi de 20,8%.  Nada surpreendente quando levamos em conta nossa legislação trabalhista e tributária.  Encargos sociais e trabalhistas onerosos em conjunto com uma paquidérmica carga tributária sobre as empresas não poderiam permitir outro resultado senão esse.  Um quinto da população sem emprego fixo após três anos de economia "pujante", segundo o animador de circo que habita o Ministério da Fazenda.
Observe o efeito da expansão artificial do crédito criada pelo Banco Central em conjunto com o sistema bancário de reservas fracionárias a partir de meados de 2009.  Sem que nenhuma alteração na estrutura da economia brasileira houvesse sido feita, a taxa de desemprego caiu para o historicamente baixo nível de 20%.  Por isso ela é insustentável: ela é totalmente guiada pela expansão do crédito, um mecanismo de curto prazo.  
A economia, como foi previsto neste site ainda no segundo semestre do ano passado, já está parada.  O desemprego, como em todos os outros países, tende a ser a última variável a ser afetada.
 

postado por Leandro Roque | 30/11/2012
 
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1471

 

Thursday, May 22, 2014

Brasileiras Odebrecht e Solví entram juntas na disputa pela privatização do negócio dos resíduos em Portugal

 

1. Portugal Digital - DF (21/05/2014)

Brasileiras Odebrecht e Solví entram juntas na disputa pela privatização do negócio dos resíduos em Portugal

Da Redação
21/05/2014 20:00

A Odebrecht Ambiental e a Solví, num consórcio sob a designação Portugal Ambiental, entraram na disputa pela reprivatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), especializada na recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos.

Lisboa - A Odebrecht Ambiental e a Solví, num consórcio sob a designação Portugal Ambiental, entraram na disputa pela reprivatização da Empresa Geral de Fomento, SA (EGF). A proposta, não vinculativa, foi entregue terça-feira, em Lisboa, à estatal Parpública, empresa gestora do património público.

"A proposta apresentada pelo agrupamento Portugal Ambiental (PA) assenta na experiência internacional e capacidade técnica da Odebrecht Ambiental e da Solví na recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos", segundo comunicado.

As duas empresas brasileiras consideram que a proposta "projeta o seu compromisso com o desenvolvimento futuro da EGF, numa lógica de parceria de longo prazo com os municípios e com os colaboradores da empresa".

O grupo Solví tem sido acusado publicamente de financiamento [legal, no Brasil], de campanhas eleitorais e de obtenção de contratos "emergenciais" ( sem licitação) com municípios, segundo a imprensa brasileira.

A EGF, cujo processo de venda é conduzido pela Parpública, faz parte do grupo estatal de águas e saneamento Águas de Portugal.

Além do consórcio Portugal Ambiental, também manifestaram interesse na privatização os grupos Mota-Engil, Egeo-Antin, a DST, e a espanhola FCC.

A Parpública, num comunicado divulgado nesta quarta-feira (21), informa que "recebeu 7 propostas não vinculativas, provenientes de interessados na aquisição do capital social da empresa EGF", mas não identifica os candidatos à privatização da EGF.

 

Wednesday, May 21, 2014

Leilão de energia de reserva terá três produtos separados

 

16. Infomoney - SP (20/05/2014)

Leilão de energia de reserva terá três produtos separados

Irão concorrer as energias eólica - mais barata -, solar e de resíduos sólidos; futuramente energia solar poderá reduzir os custos devido ao seu maior uso
Por Reuters |16h59 | 20-05-2014

SÃO PAULO - O governo pretende realizar no segundo semestre deste ano um leilão de energia de reserva dedicado a projetos de energia solar, eólicos e termelétricos movidas a biomassa (principalmente a partir de biogás e resíduos sólidos), disse nesta segunda-feira o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

No leilão, as três fontes não vão concorrer entre si. "Serão três produtos. Um eólico, outro solar, em que a solar disputa com a solar, e outro de resíduos sólidos", disse Tolmasquim, durante seminário da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Ele explicou que, como hoje a eólica tem energia mais barata do que as demais, se disputasse junto com elas não haveria muita chance para as duas outras fontes.

O presidente da EPE porém, acredita que, no futuro, com o aumento do seu uso, a tendência é de que a solar também reduza seus preços, como aconteceu com a própria energia eólica.

Como há poucos fabricantes nacionais de equipamentos para a energia solar, Tolmasquim defendeu que o índice de nacionalização de componentes - exigido inclusive, para empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)- comece num patamar menor.

"Primeiro passo é criar a demanda para atrair as empresas. O leilão é um mecanismo de criar demanda. Com uma estratégia de médio prazo de aumento do índice de nacionalização, de tal maneira que você comece importando mais, mas ao longo do tempo consiga aumentar o conteúdo nacional", disse.

Esse leilão de energia de reserva integra um amplo esforço do governo para viabilizar, entre 2014 e 2018, leilões de energia para a contratação de um total de 38,269 mil megawatts (MW) novos.

Desse total, o governo estima que 14,679 mil MW devem ser oriundos de usinas hidrelétricas e 7,5 mil MW deverão vir de usinas termelétricas movidas a gás natural ou carvão.

Segundo Tolmasquim, os leilões que ocorrerão até 2018 deverão, ainda, contratar 9 mil MW de centrais eólicas e 3,5 mi MW de empreendimentos de energia solar. As usinas a biomassa devem vender o equivalente a 2,380 mil MW e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), mais 1,2 mil MW.

Em sua apresentação, Tolmasquim lembrou de outros dois leilões já marcados para este ano. O próximo, no dia 6 de junho, vai negociar contratos para fornecimento de energia a partir de 2017 (A-3).

No dia 12 de setembro, será a vez do leilão A-5, em que estarão em disputa contratos para fornecimento de energia a partir de 2019. Para esse leilão, o governo elevou para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU), que em leilões anteriores ficava entre 100 e 150 reais.

"Nós aumentamos o custo variável justamente para abrir espaço para as térmicas que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), que é mais caro", explicou Tolmasquim, após palestra no seminário sobre infraestrutura da Fiesp.

Em sua apresentação, Tolmasquim reforçou que, apesar das condições climáticas adversas que levou ao baixo nível dos principais reservatórios do país, o sistema elétrico trabalha, neste ano, com um excedente de energia de cerca de 5,5 mil MW médios.

Ele ressaltou que esse excedente está previsto mesmo com o atraso em alguns empreendimentos, como é o caso da usina hidrelétrica de Jirau (RO), que, segundo ele, postergou para 2015 a entrada de 12 máquinas, que totalizam 900 MW e que estavam previstas para este ano.

 

Sunday, May 4, 2014

LEILÃO PARA CONTRATAÇÃO DE ENERGIA SOLAR SERÁ REALIZADO ATÉ OUTUBRO

LEILÃO PARA CONTRATAÇÃO DE ENERGIA SOLAR SERÁ REALIZADO ATÉ OUTUBRO

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim (foto), anunciou que, até outubro, será realizado o leilão para contratação de energia solar, que, pela primeira vez, estará voltado apenas às empresas interessadas exclusivamente no segmento. As quantidades contratadas dependerão dos projetos apresentados e o preço final só será conhecido depois da apresentação das propostas.

Além do elevado nível de radiação no Brasil ao longo do ano, o executivo ressaltou a presença de grandes reservas de quartzo e de um parque industrial de processamento de silício até o grau metalúrgico, o primeiro degrau para a produção da matéria-prima utilizada na fabricação das células fotovoltaicas. As duas desvantagens dessa fonte seriam seu custo e sua intermitência, mas, para os especialistas, a perspectiva para o futuro da geração fotovoltaica é boa. Em constante queda no mercado mundial, o preço do sistema completo para a geração de energia solar já se reduziu à metade.

No final de 2013, Pernambuco realizou o primeiro leilão estadual para desenvolver uma cadeia completa energia solar. Segundo o secretário de energia de Pernambuco, Eduardo Azevedo, estudos mostraram que a realização de um único leilão para 180 MW despertaria o interesse do setor privado e caberia no bolso do Estado, que subsidia o consumo com créditos de ICMS. No certame, foram contratados mais de 122 MW, com preço médio de R$ 228,63 MW/h. As empresas devem implantar esses empreendimentos em 18 meses e vender a energia por 20 anos. Considerando-se que a energia eólica custa menos da metade, o preço ainda é elevado. Mas, quando acionada emergencialmente além do previsto e incluído o preço do combustível, a térmica apresenta valores muito superiores a solar.

Como as preferências do BNDES estão voltadas para o financiamento do mercado regulado, a energia solar encontra dificuldade para competir. Para o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, o banco deveria oferecer linhas de financiamento também para as empresas interessadas em atuar no mercado livre, cujo desenvolvimento depende da redução do custo. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, acrescentou que o acesso ao financiamento do BNDES está condicionado ao conteúdo nacional da indústria, uma dificuldade adicional para a formação de um parque nacional que inexiste. A Absolar estima que capacidade instalada atual oscile entre 30 e 40 MW, mas que apenas 10 MW são injetados na rede