Monday, November 12, 2012

Quem opera o novo sistema


Cada vez mais, o profissional de sustentabilidade nas empresas deixa de ser visto como custo, e sim como alguém que agrega valor ao negócio. A má notícia é que a esperada transversalidade ainda não aconteceu
rep11O belga e hoje residente em São Paulo Martin Bernard deixou há três meses a companhia de busca de executivos (executive search) da qual era sócio para montar um negócio próprio na mesma área, mas com um objetivo mais bem definido: prestar consultoria na procura de líderes e executivos ligados à sustentabilidade para empresas engajadas no tema. Chamada People 4 A Better World, é a primeira empresa de caça-talentos (headhunter) desse tipo no Brasil.
Por ser uma butique, não encontra candidatos no “varejo” com anúncios de vagas. A companhia busca meticulosamente os profissionais mais qualificados e capazes de lidar com os desafios de uma governança empresarial baseada na sustentabilidade. Ao explicar seu negócio, Bernard logo esclarece: “Não trabalho buscando profissionais, mas, sim, pessoas, porque não somos seres divididos entre a parte que trabalha e a que não trabalha”.
Pode parecer apenas uma diferença de palavras, mas, quando o assunto é sustentabilidade, estão em jogo elementos além da capacidade técnica e tempo de experiência. “Preciso ver no candidato as emoções, os valores e o brilho que tem nos olhos. Ele precisa acreditar no trabalho”, explica Bernard. Raramente essas características são procuradas em processos seletivos tradicionais e essa é uma mudança de comportamento que sua empresa pretende trazer.
O momento da entrevista é fundamental para que se alcance essa conexão sincera. Em vez de salas de reuniões frias e mesas tradicionais, Bernard propõe espaços informais, como um sofá em uma sala bem decorada com obras de arte que chamem a atenção do candidato. “Isso muda sua postura, ele se sente confortável e evita o uso daquela costumeira ‘máscara da entrevista’”.
DEFINA-ME OU TE DEVORO
A People 4 A Better World centra-se apenas em uma parte do grande sistema de recursos humanos que forma uma companhia. O profissional que atua no tema da sustentabilidade está em várias áreas, posições e setores. Defini-lo não é tarefa fácil nem objetiva, pois este pode ser desde o engenheiro ambiental até o diretor de operações, o professor, ou o voluntário que presta serviços a uma ONG.
Essa amplitude foi um dos fatores que levaram à criação em 2011 da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps). Entre seus objetivos, está o de representar, conectar e fortalecer a atuação de quem é ligado a áreas como meio ambiente e responsabilidade corporativa. Marcus Nakagawa, consultor em educação para a sustentabilidade, idealizador e presidente, explica que não há restrições de ordem profissional para uma pessoa aderir à associação [1], visto que ainda é necessário saber quem compõe esse mercado.

http://pagina22.com.br/index.php/2012/11/quem-opera-o-novo-sistema/


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