Wednesday, April 18, 2012

Mercado voluntário de carbono sobrevive em meio à crise


Sentimento em relação ao futuro é positivo, com diversos atores alegando haver sinais da manutenção do interesse no mercado, revela pesquisa que reconhece as empresas com melhor desempenho da ferramenta


Os mercados voluntários de carbono, mesmo sendo em menor escala do que os esquemas compulsórios, sempre foram grandes fomentadores de abordagens e projetos inovadores, trazendo novas ferramentas e perspectivas ao cenário mundial de corte de emissões de gases do efeito estufa.
A Pesquisa dos Mercados Voluntários de Carbono 2012, produzida pelas revistas Environmental Finance eCarbon Finance e divulgada nesta quarta-feira (11), demonstrou que o sentimento em relação ao ambiente voluntário para projetos de carbono escapou do pessimismo que toma conta dos esquemas sob o Protocolo de Quioto.
Ainda que a crise econômica, que já em 2009 impactou significativamente o mercado voluntário, e as perspectivas nebulosas no cenário internacional de discussão sobre as medidas para mitigaras mudanças do clima tenham reduzido em muito a demanda no cenário paralelo à Quioto, as empresas mostram que não estão abandonando o mercado.
"O mercado ainda não está nem perto da atividade que tinha antes da crise financeira, mas tem renascido das profundezas", comentou Lenny Hochschild, da empresa de corretagem norte-americana Evolution Markets, que ficou classificada na pesquisa como a melhor firma do seu ramo.
Pelo terceiro ano seguido, a Markit, empresa de serviços no setor de informações financeiras, foi escolhida pelos leitores das duas revistas como Melhor Fornecedora de Registro. A Markit lista quase 70 milhões de créditos (mercados de carbono, água e biodiversidade) abrangendo 20 padrões e programas em mais de 50 países.
Apesar de transações que comumente batiam 250-300 mil toneladas de CO2e nos anos anteriores ficarem em torno de apenas 10-20 mil toneladas em 2011, segundo Luca Bertali, corretor da TFS Green, há indicativos de que o mercado está segurando as pontas, reportou a Environmental Finance.
A Markit registrou um aumento na emissão de alguns certificados em 2011: de 27,3 milhões para 27,8 milhões de créditos sob o Verified Carbon Standard (VCS). Os preços no mercado de balcão também conseguiram se manter, com os créditos Gold Standard entre US$ 9,3-US$13,3/t CO2e (€7-10/t CO2e) dependendo do volume adquirido, comentou John Davis, da CF Partners.
Porém, Hochschild comentou que o valor dos créditos VCS mais comuns continuam na faixa de US$ 1,5-US$ 3/t.
"Vimos um crescimento em 2011. Com a economia melhorando, as pessoas estão começando a comprar novamente", pondera Kathy Benini, chefe de mercados ambientais da sede de Nova Iorque da Markit.
A South Pole Carbon Asset Management foi eleita a melhor desenvolvedora de projetos e terceira melhor consultoria, a Vitol foi escolhida como melhor negociadora, a Baker &McKenzie ficou como melhor firma de advocacia, a First Environment liderou as empresas de verificação e a Carbon Neutral Company foi eleita melhor fornecedora de compensações. VCS, Gold Standard e American Carbon Registry ocuparam, respectivamente, a primeira, segunda e terceira posições na categoria Melhor Padrão.
Tendências
Alguns ganhadores da pesquisa ressaltaram o interesse pela compensação de emissões em países em desenvolvimento, como o Brasil, segundo a Environmental Finance.
"Nossos escritórios no Rio de Janeiro e Deli têm trabalhado com uma série de clientes de indústrias de relativo peso, que estão compreendendo o que as mudanças climáticas e sustentabilidade significam para seus negócios", comentou Craig Ebert da ICF.
Segundo a Environmental Finance, muitas empresas estão desenvolvendo programas para a compensação de emissões: "O impulso inicial [para compensar emissões] está evoluindo para programas mais aprofundados e integrados", comentou Jonathan Shopley, da CarbonNeutral Company, completando que a tendência que ele vem acompanhando é a evolução para a análise do "carbono nos produtos, serviços e na cadeia de fornecedores".
Empresas como a Climate Care estão olhando para além das fronteiras do carbono e buscando doadores para financiamento dos co-benefícios de projetos. É citado o exemplo de um projeto para substituição de fornos na África que também resulta em benefícios como a redução da incidência de pneumonia.
Quanto à permanência dos chamados "cowboys do carbono" no mercado voluntário, especialmente em se tratando de projetos de REDD, Bertali, da TSF Green, enfatiza que gostaria de ver o setor regulado, lamentando: "interpretações errôneas e vendas falsas... os créditos voluntários não deveriam ser vendidos como um veículo de investimentos".


http://www.institutocarbonobrasil.org.br/reportagens_carbonobrasil/noticia=730214

No comments: