Wednesday, September 15, 2010

Pernambuco tem programa para transformação de lixo em energia

Engenheiro, químico e doutor, Sérgio Perez Ramos da Silva coordena o projeto e diz que a tecnologia, comum no exterior, enfrenta problemas para chegar ao Brasil

Há dez anos, a Universidade Estadual de Pernambuco (UPE) desenvolve um projeto para transformar lixo em combustível. Feito em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o trabalho de aproveitamento de resíduos estuda o potencial energético do lixo agrícola, de resíduos urbanos e materiais que não podem ser reciclados ou que não têm demanda para isso.

O objetivo da pesquisa é evidenciar o potencial de combustão destes materiais. Assim, a reciclagem diminui a poluição atmosférica e, ao mesmo tempo, produz energia. Mas há entraves, como o custo elevado do processo e a falta de políticas que estimulem essa atividade.

O engenheiro mecânico Sérgio Peres Ramos da Silva, químico industrial e doutor pela Universidade da Flórida em Aproveitamento Energético de Resíduos, coordena o Laboratório de Combustíveis e Energia da UPE. Ele também integra a coordenação da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB) na área de co-produtos (energia dos co-produtos da produção do biodiesel). Nesta entrevista, ele explica o estágio atual do projeto e as dificuldades.

Este é o primeiro projeto de transformação de lixo em combustível do Brasil?

Existem mais projetos em funcionamento no Brasil e no mundo. Em biogás, o pioneiro de grande porte no país foi o aterro dos Bandeirantes, em São Paulo. No mundo, a utilização do biogás e a incineração do lixo para a geração de energia é bastante utilizada na Europa e nos Estados Unidos.

Por que não é tão utilizada aqui?

No Brasil, ainda não há incineradores de lixo para geração de energia. Atualmente, os Estados Unidos estão utilizando gaseificação a plasma, na qual a temperatura do reator chega a 10.000 graus Celsius para degradar toda a matéria orgânica. Essa tecnologia ainda não chegou aqui. Ela enfrenta resistência [para ser adotada no país] porque é muito cara.

Quais são os custos para a utilização dessa forma de energia?

Os valores são relativamente altos. Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o custo por kW instalado varia de US$ 1.100 a US$ 1.300 se forem usados motores de combustão interna; de US$ 1.200 a US$ 1.700 se forem usadas turbinas a gás; e de US$ 2.000 a US$ 2.500 em turbinas a vapor. A forma de utilização mais comum é com motores de combustão interna. Ela tem a vantagem de ser modular. Ou seja, quando a produção de biogás está alta, são utilizados mais motores. E quando, com o tempo, acontece a diminuição de produção do biogás, os motores podem ser removidos para outras localidades. O mesmo procedimento pode ser utilizado até a escassez total do biogás.

Quais são os benefícios e as dificuldades de transformar lixo em combustível?

Os benefícios são o aproveitamento do biogás, que tem metano (uma substância com poder de aquecimento global 21 vezes maior do que o dióxido de carbono), a possibilidade de obtenção de créditos de carbono e a redução da poluição. A única dificuldade é a falta de políticas que incentivem a utilização desta forma de energia.

Andrés Bruzzone Comunicação


http://meioambiente.terra.com.br/interna.php?id=148&canal=3

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