Sunday, June 24, 2012

Indústria faz mistério, mas diz que energia solar já tem preço surpreendentemente baixo

Abinee apresentará estudo sobre a fonte para o governo; entidade defende microgeração e leilões
Por Luciano Costa
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Crédito: Getty Images
A maior preocupação do governo em relação à geração solar é o preço, uma vez que o modelo do setor elétrico brasileiro tem como principal pilar a modicidade tarifária. O coordenador do Grupo Setorial Fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Leônidas Andrade, revela que o Ministério de Minas e Energia tem buscado, nas reuniões que tiveram, se informar principalmente sobre os valores que podem ser alcançados pela fonte.
O executivo prefere não adiantar números, mas lança um desafio. "É importante que se faça o leilão para que se entenda a que nível de tarifa podemos chegar. Mas, com certeza, iria surpeender positivamente". Questionado pelo Jornal da Energia sobre a viabilidade de uma geração na casa dos R$300 por MWh, Andrade não hesita. "Tenho certeza de que se tivéssemos um leilão hoje teríamos competidores entregando energia a esse preço".
OS R$300 por MWh da questão feita ao coordenador são o valor médio que é pago hoje a parques eólicos viabilizados pelo Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Essas usinas têm contratos de venda de energia à Eletrobras por vinte anos, com preços atualizados pela inflação.
"Há sete anos, quando se iniciaram as primeiras contratações dentro do Proinfa, e depois, nos primeiros leilões, a energia eólica não era competitiva. Mas hoje ela é. E nós vemos esse mesmo cenário para a solar. Basta que haja apoio do governo para que ela venha a se desenvolver", aposta Andrade.
Em busca desse apoio, a Abinee apresenta na próxima terça-feira (26/6), em evento em Brasília, um documento com propostas para a inserção da geração solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira. O estudo, realizado pelas consultorias LCA e PSR a pedido da entidade, vai propor a realização de leilões e o incentivo à geração distribuída como caminhos para o crescimento da fonte.
"A geração distribuída como foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é muito bem vinda, é praticamente um marco zero do setor fotovoltaico no Brasil. Mas não é suficiente. É necessário ir adiante, e portanto propomos também a realização de leilões específicos como forma de motivar o surgimento da cadeia produtiva no Brasil", adianta o diretor da Abinee.
Indústria nacional
Leônidas Andrade diz que um dos pontos que estão no centro do debate é como criar uma indústria solar no Brasil e lembra que o Grupo Setorial da Abinee conta com cerca de 140 empresas interessadas no desenvolvimento do setor. Uma preocupação, porém, é com a hipótese de possíveis usinas viabilizadas em um leilão comprem apenas equipamentos importados, uma vez que há sobreoferta no mercado internacional devido à desaceleração nos Estados Unidos e na Europa.
Para o coordenador da Abinee, há interesse das empresas, "principalmente com orientações no sentido de que haja conteúdo nacional nos projetos a serem implementados no Brasil". Mas, nesse sentido, Andrade também diz que é preciso muito cuidado e ponderação.
"Não podemos simplesmente pensar em abrir o mercado, expondo o País apenas à importação de equipamentos. Por outro lado, não podemos pensar em ter uma reserva de mercado na área fotovoltaica. É muito importante ter um equilíbrio para que a gente não caia em nenhuma dessas armadilhas.
Sobre o estudo a ser apresentado ao governo, Andrade aponta que uma das conclusões é de que a geração fotovoltaica "já é competitiva com a energia entregue pelas distribuidoras em 13 Estados do País".
Na geração centralizada, com grandes usinas, o diretor diz que a entidade trabalha com a ideia de que sejam viabilizados 2GW da fonte até 2020. "Se formos comparar com o panorama mundial é pouco, mas é um bom começo para que as indústrias venham ou se motivem a trazer capacidade produtiva para o Brasil".


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