Tuesday, June 10, 2014

Caixa ajusta estratégia do FI-FGTS

3. Intelog - RS (09/06/2014)

Caixa ajusta estratégia do FI-FGTS

Economia

Por Alex Ribeiro | De Brasília

A Caixa Econômica Federal passou a privilegiar grandes empresas na seleção de projetos para receber recursos do FI-FGTS, um fundo de R$ 40 bilhões que faz investimentos em infraestrutura com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O objetivo é assegurar parceiros com fôlego financeiro para sustentar os empreendimentos até a sua maturação, evitando maus negócios como os aportes feitos em 2010 na Rede Energia e na Nova Cibe.

"Investimentos em infraestrutura são por natureza arriscados porque têm um ciclo longo", afirma o vice-presidente de gestão de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal, Marcos Vasconcelos. "Faz sentido buscar parceiros com capacidade para suportar momentos de estresse."

A reorientação ocorre quando o FI-FGTS se prepara para aplicar R$ 10 bilhões em novas obras de infraestrutura, o maior volume de recursos de sua história. E num ambiente um tanto conturbado, com questionamentos sobre a sua política de aplicação de recursos. Nas últimas semanas, o fundo foi acusado de conflito de interesses pela Odebrecht Ambiental por estudar investimentos em uma concorrente, a
 Estre Ambiental; de concentrar de forma desproporcional as suas aplicações no grupo Odebrecht; e de intensificar o repasse de recursos a grandes empreiteiras, notórias financiadoras de campanha, durante um ano eleitoral.

Vasconcelos diz que não comenta seu relacionamento com a Odebrecht. "O que posso dizer é que estamos satisfeitos com os investimentos que temos com esse parceiro", disse. Ele pondera que a Odebrecht corresponde a apenas 9,5% dos R$ 40 bilhões destinados pelo FGTS ao fundo de investimento, bem abaixo do limite de exposição de 30% para um grupo econômico. E que não existe nenhuma decisão para privilegiar empreiteiras durante as eleições. "O ciclo de aprovação de projetos leva em média um ano", afirma Vasconcelos.

Em 2010, o FI-FGTS já havia entrado no noticiário por ter investido na Rede Energia e na Nova Cibe, duas empresas que atravessaram problemas financeiros. Ao fim, o fundo não teve perdas porque havia cláusulas que permitiam transformar os investimentos em empréstimos, evitando que virassem pó em processos de recuperação judicial. Mas ficou a lição de que, para evitar contratempos como esses, será necessário examinar a capacidade de o parceiro injetar dinheiro se houver contratempos.

Pouco depois desses episódios Vasconcelos foi deslocado da área de controle de risco da Caixa para cuidar da gestão de ativos de terceiros. "A aprovação de uma operação passa por diversas áreas e comitês e está sujeita a auditorias externas", disse.

O banco faz a gestão do fundo, levantando propostas de investimento e conduzindo todos os estudos de viabilidade. Cabe à Caixa a tarefa de prospectar oportunidades. "Soubemos, por exemplo, por uma notícia de jornal que a Vale Logística estava à procura de sócio, em 2012. Enviamos uma carta a eles informando nosso interesse de investir e a operação foi adiante."

A escolha de empresas segue as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Curador do FGTS. Cada operação deve ser aprovada por três quartos do comitê de investimento, formado por 12 membros - metade do governo (incluindo a Caixa) e a outra metade dividida entre representantes patronais e de trabalhadores. Além disso, também são submetidas à aprovação de um comitê formado por alguns membros da diretoria executiva da Caixa, pois o banco dá a garantia de crédito às operações.

Por Valor Econômico - SP

 

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