A Tractebel, maior geradora privada de energia do País, tem ficado de fora das listas de vencedores dos últimos leilões promovidos pelo governo. E, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Eduardo Sattamini, a tendência pode continuar caso sejam mantidas as mesmas condições observadas nas últimas licitações.
“A questão é se os projetos novos vão estar oferecendo a rentabilidade que justifica esse investimento – o que a gente não viu nos últimos leilões. Temos ficado à margem. Até participamos, como maneira de ganhar conhecimento e estar no mercado, mas a gente tem uma disciplina financeira muito rígida e muito bem definida, que não permite aventura”, pontou o executivo.
Sattamini foi questionado por um analista sobre a capacidade de a empresa fazer novos investimentos, uma vez que está previsto que entre o final deste ano e o início de 2013 a Tractebel comprará a parcela de sua controladora, a GDF Suez, na hidrelétrica de Jirau. O diretor disse que não vê uma restrição, uma vez que, mesmo com essa operação, a dívida da companhia continuaria dentro do que é considerado “razoável para uma empresa de infraestrutura”.
Os cálculos do executivo apontam para um possível avanço do endividamento para algo entre três e três vezes e meia o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa.“Enquanto o mercado estiver aceitando retorno abaixo do que consideramos razoável, estamos fora (dos leilões de energia). Não é questão de não poder investir, é de gestão razoável dos recursos”, analisou.
O momento atual da economia, com sobra de energia, faz com que Sattamini aposte que a situação está “até que confortável para que o governo dê uma esticadinha” e adie o leilão A-5, marcado para abril. Até o momento, nenhuma das hidrelétricas previstas para o certame recebeu licença ambiental do Ibama. O executivo da Tractebel ainda disse que o leilão A-3, em março, também pode acabar com uma contratação “não muito grande” de energia, “até em função da condição do mercado”.
Com a aquisição de parte de Jirau no horizonte, Sattamini também adiantou que a Tractebel deve passar a distribuir menos dividendos nos próximos trimestres. No ano passado, a companhia teve um payout de 100% do lucro líquido ajustado. “A ideia é que voltemos a pagar o compromissado, que é 55%, exatamente pelo que é necessário para comprar o projeto de Jirau”.
A precificação da transação será feita por um comitê de partes relacionadas criado entre as duas companhias. A ideia é de que o negócio seja efetivado em 2013, com o início das análises ainda no primeiro semestre deste ano. O comitê foi estabelecido após reclamações de acionistas por conta de uma possível má avaliação no preço a ser pago pela Tractebel à GDF Suez pela usina de Estreito.
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